CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




segunda-feira, 20 de junho de 2016

MADRIGAL PARA UMA ROSA



Escultura em areia de José Monteiro em Albufeira
Foto de Carlos Pereira




Minha participação no evento do Grupo CAFÉ CUBANO

“Poema para una Rosa”

MADRIGAL PARA UMA ROSA
Carlos Pereira (Portugal)




Oh! Criatura de boca sedenta
de amor e de outras fontes.
Poema, Mulher glória, amamenta
os filhos e novos horizontes.

Chamam-te Rosa e não és flor.
Exalas o mais virgem perfume
com que estremeces no amor
e incendeias o corpo de espúrio lume.

Esboço de anjo com traço maculado.
Eira de pão que o diabo amassou.
Alegria e tristeza; mote para o teu fado
que a voz do tempo e da vida te cantou.

Asa protectora! Melancolia em festa!
Rota de ave sem rumo ou destino.
Liberta o último fôlego que ainda resta
na procura do altar de um deus menino.



Aveiro, 16 de Outubro de 2015
Publicado no Diário de Aveiro

In- POETAS D´HOJE  / Antologia IV – Edição Grupo de Poesia da Beira Ria – Aveiro 2017
















quarta-feira, 1 de junho de 2016

MENINO DA RUA


Imagem retirada da net






Porque hoje é dia da criança



MENINO DA RUA (reposição)
Carlos Pereira




Sou apenas um, dentre muitos,
que não está no meio da estrada que te leva.


Faço parte da parte que sabe que em muitos dias
pouco ou nada comes durante o dia.


Rebolo na relva e exalo o cheiro húmido da terra
nos finais do outono.


Faço parte da parte que sabe que vais sentir frio
nos ossos no inverno da cama.


Ouço a música das estrelas nas noites de luar
e sei de cor as canções que me ensina o mar.


Faço parte da parte que sabe que tu já perdeste
a esperança de sonhar.


Dá-me a tua mão.
Vou levar-te onde há gente que chora por ti.
Que traz uma cebola na algibeira para não usar
as suas verdadeiras lágrimas ( usam as do crocodilo)
porque podem fazer falta
para desgraças mais importantes que a tua.


A ti, menino da rua, já te secaram as lágrimas
e finges ser feliz na tua humildade.


Faço parte da parte que sabe que te roubam a mocidade,
mas também sei que jamais te usurparão a dignidade.



Aveiro, 06.04.2013

Publicado no Diário de Aveiro
in “Poetas d´hoje” / colectânea – Um grito contra a pobreza – Edição Grupo Poesia da Beira Ria - Aveiro