LEVANTADO DO CHÃO
Carlos
Pereira
Para José Saramago
Entre
a madrugada nascida de prantos
e
o revoltear, indomável, do vento norte,
há
uma seara coberta de negros mantos;
prenúncio,
insofismável, de fome e morte.
A
cada golpe da foice, cerce, no loiro pão,
um
tronco se levanta na revolta calada.
Da
luta, infatigável, um levantado do chão
recusa
as chagas da carne maltratada.
O
tropel dos cascos já eriça a leve poalha;
nos
olhos dos carrascos há chispas de ódio,
prontas
a disparar a bala assassina, canalha;
o
triunfo do trabalho, será certo, todavia serôdio.
Aveiro, 11 de Setembro de 2015
Publicado no Diário de Aveiro
Aveiro, 11 de Setembro de 2015
Publicado no Diário de Aveiro