CANAL DE SÃO ROQUE

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Foto de Gabriel Pereira




quinta-feira, 27 de março de 2014

SOU UM PÁSSARO, SOU UM PALHAÇO



Foto de Carlos Pereira






SOU UM PÁSSARO, SOU UM PALHAÇO
Carlos Pereira
 
 
Sou um pássaro
Apardalado
Neste beiral
Chamado Portugal
Enfadado
 
Sou um palhaço
Apalhaçado
Neste circo infernal
Chamado Portugal
Desonrado
 
Sou um pássaro
Apalhaçado
Sou um palhaço
Apardalado
Neste labirinto medieval
Chamado Portugal
Desgovernado
 
 
Aveiro, 13.06.2012


sexta-feira, 14 de março de 2014

AVÔ CONTA-ME A HISTÓRIA





"ARCO IRIS" Desenho do meu neto Xavier








AVÔ CONTA-ME A HISTÓRIA
Carlos Pereira
 
                      Para o meu neto Xavier
 
Avô conta-me a história do pirata
Que sabia contar até sete
Nunca vestiu uma gravata
Só camisa preta e colete
 
Avô conta-me a história do urso
Que sabia contar pelos dedos da mão
Sabia de cor o difícil percurso
Para pescar o suculento salmão
 
Avô conta-me a história do cão
Que sabia dar uma bela cabriola
Ao fim da tarde esperava no portão
Que o petiz chegasse da escola
 
Avô conta-me a história do gato
Que calçava luvas e botas
De uma dentada o queijo do prato
Comia e contente dava cambalhotas
 
Avô conta-me a história do caracol
Que trazia sempre a casa às costas
Adorava pôr os corninhos ao sol
E detestava corridas e apostas
 
Avô conta-me a história da baleia
Que majestosa nadava no alto-mar
Embalada pelo canto da sereia
Nadava, nadava, mas parecia bailar
 
Avô conta-me a tua história
Quando eras como eu, pequeninho
Guardá-la-ei na minha memória
Para contá-la um dia ao meu netinho
 
 
Aveiro, 12.02.2014
 
Publicado no Diário de Aveiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

















 


segunda-feira, 3 de março de 2014

PELA ROTA DOS TEUS OLHOS



Foto de Carlos Pereira




PELA ROTA DOS TEUS OLHOS
Carlos Pereira
 
 
Aventurei-me no mar pela rota dos teus olhos
num barco em fuga latejando desejos.
Entre o fluxo e o refluxo das marés,
há marcas subtis na praia do teu ventre.
Se Neptuno me poupar à fúria tempestuosa das ondas,
sobre as quais pairam esquivas gaivotas,
poderei aportar ao desejado cais do teu coração,
donde não partirei jamais.
 

 

Aveiro, 23.01.2013