Foto de Carlos Pereira
CANÇÃO
DE ADORMECER
Carlos
Pereira
Vem devagar, devagarinho, sem pressa,
Traz
as palavras que te expandem a boca;
Traz
a força do grito, aventurado, que impeça
A
tortura que a tua ausência provoca.
Desfia,
pura e bela, o linho puro desta mágoa,
Escurece-me
os cabelos brancos desta vida
E
enxuga, com o teu olhar, os meus olhos rasos de água.
Embala
o meu peito, quando nele for, a morte pressentida.
Quando
a noite vier, generosa e límpida, sussurra-me
Uma
canção, com palavras de amor, a sair do teu seio,
Numa
procissão de estrelas e lágrimas floridas da lua.
Quando
a manhã raiar, vagarosa e diáfana, murmura-me
Um
poema, sem palavras de dor, que na tua pele leio,
Em
convulsões ritmadas de mim na tua carne nua.
Aveiro, 10.04.2012