CANAL DE SÃO ROQUE

CANAL DE SÃO ROQUE

Foto de Gabriel Pereira




quinta-feira, 30 de setembro de 2010

EGOÍSMO



Foto de Gustavo Martins





                         EGOÍSMO
                     Carlos Pereira
                     



 Neste vai e vem vertiginoso da vida…
 Deixamos, distraidamente, passar os anos
 Em correria louca, fúria desabrida,
 E não vemos o quão nos causa danos.

 Não prestamos atenção àquele amigo,
 Que dela, em altura adversa, tanto necessita.
 Pobres narcisistas olhando para o umbigo!
 Ignorando a criança que com fome grita.

 Não escutamos a música das ondas do mar,
 A melodia das aves no frenesim do alvorecer,
 Os conselhos dos velhos que têm para nos dar,
 Preferindo, insensatamente, fingir tudo saber.

 Desprezando a sua infinita sabedoria secular;
 Fechamo-nos na concha negra da arrogância…
 Mais importante que receber … é saber dar;
 Aquilo que não se possui em abundância.

 O egoísmo e a ambição corrompem as mentalidades;
 Transformando-nos em insaciáveis predadores,
 Capazes das mais atrozes e infames crueldades;
 Aniquilamos os fracos para sermos os vencedores.

                                           

                             Aveiro, 14.02.2010 






sábado, 25 de setembro de 2010

ÚLTIMO PATAMAR




Foto de Gabriel Pereira





ÚLTIMO PATAMAR
Carlos Pereira



Eis-me chegado
Ao último patamar;
Onde tudo é mensurável,
Escrutinado.
Para trás ficaram sombras
E horizontes de silêncio.
Estou de costas…voltadas para o mundo.
Não ouço o seu discurso gasto,
Esgotado.
Desta lonjura já só escuto;
As palavras lúcidas da montanha
Num murmúrio plácido e melancólico.



Praia da Barra, 12.07.2010



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MAR



Foto de Gabriel Pereira






            MAR
   Carlos Pereira 



Mar imenso!
Infinita vastidão!
Amor intenso
Maior que o coração.


Mar salgado,
Vida em movimento;
Sonho acordado
Que voltas com o vento.


Mar de espuma
Serena-me a alma;
Vai-se a bruma…
E a dor acalma.


Mar amigo,
Meu confidente.
Porto de abrigo…
De barco ausente.


Mar azul-marinho,
Meu companheiro;
Ensina-me o caminho
Para o meu veleiro.


          
  Aveiro, 06.03.2010   

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

AS ARESTAS DAS PEDRAS



(Foto de Gustavo Martins)







        AS ARESTAS DAS PEDRAS
                     Carlos Pereira



        As arestas das pedras,
        Multiformes e milenares;
        Escudo da hostilidade do mundo;
        Protecção, quase maternal,
        Dos que acreditam
        Na bondade dos homens.



                                   Praia da Barra, 17.08.2010




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DO MEU SONO LETÁRGICO


(Foto de Gustavo Martins)



        DO MEU SONO LETÁRGICO
                    Carlos Pereira




Do meu longo sono letárgico,
Já sol alto; acordei;
Dos teus olhos o brilho galáctico;
Foi luz com que os meus; incendiei.

Do meu longo sono sonhei, 
O calor do teu corpo enigmático;
Breve foi nosso amor, bem sei...
E de tão breve...tão mágico.

Esta dor que o meu sonho ilude,
De te ver partir sem regresso;
É castigo penoso que não mereço.

Para novamente em toda a plenitude;
Ter teu lindo, embora efémero, sorriso;
Voltarei a adormecer...se for preciso.


                  Aveiro, 20.06.2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MEDITAÇÃO



(Foto de Gustavo Martins)



                              MEDITAÇÃO
                            Carlos Pereira




Como é bom desfrutar o remanso de fim de tarde,
Ouvindo o murmúrio lânguido das águas do rio;
Sentir o cheiro da terra prenhe…que Deus a guarde!
Para que o meu sonho não seja apenas um desvario.

Se entretanto, de tanta paz, cair nos braços de Morfeu,
E os meus olhos perderem tão balsâmica contemplação,
Que não percam a esperança que o meu sonho lhes deu,
De verem no sorriso de uma criança… a obra da criação.

Que os últimos raios de sol me tirem desta letargia,
Para sentir o pulsar da vida em todo o seu esplendor;
Vivamo-la, intensamente, como se fosse o derradeiro dia,
Na busca incessante da partilha e do sublime amor.

Constrói os teus caminhos alicerçados na probidade,
E se apesar disso, sem razão, for madrasta a tua desdita,
Não te resignes, luta sem tréguas pela felicidade,
Que um dia ela virá na luz de uma estrela bendita.

                                          

                            Aveiro, 20.03.2010   


sábado, 11 de setembro de 2010

PALAVRAS



(Foto de Gabriel Pereira)







                 PALAVRAS
              Carlos Pereira
              



As palavras são como nós;
Umas ricas, outras pobres.
Todas têm força e voz;
Umas são plebe, outras nobres.

Verbo, substantivo, artigo definido,
Todas têm a sua função;
Escritas com duplo sentido;
Algumas com segunda intenção.

                                                Palavras lindas d’ amor
Ou mortíferas d’ ódio.
Umas escondem a dor

Que outras teimam, acordar.
Algumas elogiam o pódio
Para mais tarde recordar.

      
    
       Aveiro, 06.06.2010



          

domingo, 5 de setembro de 2010

O SILÊNCIO E AS PALAVRAS






             
                                       O SILÊNCIO E AS PALAVRAS         
                                                  Carlos Pereira




O silêncio dilui-se entre os dedos!
O eco das palavras é o próprio silêncio
Que guardo na palma da mão.
As silhuetas, do meu próprio destino,
Avançam e dançam diante de mim;
Extensões do meu corpo habitado
Por silêncios e palavras.
Ó vento; sossega por um momento!
E deixa-me ouvir o interior do silêncio;
A segredar-me palavras prenhes
De vida e de esperança,
Num amanhã sem chuva.



                                                  Aveiro, 23.08.2010